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Formados em STEM e Desenvolvimento Econômico: evidências históricas e o papel do Amigos da Poli

  • Felipe Yamada
  • 15 de out.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de out.

Publicado em 15 de outubro de 2025 • Leitura: 5 minutos


Índice

Formar pessoas em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) é uma das estratégias mais eficazes para impulsionar o desenvolvimento econômico de um país. No entanto, os dados mostram que o impacto dessa formação não depende apenas da quantidade de graduados, mas da capacidade de transformar esse capital humano em inovação e produtividade — o que exige investimento consistente em pesquisa, educação de qualidade e instituições fortes.

1. Panorama histórico (2000–2023)


Nas economias mais desenvolvidas, a presença de profissionais formados em STEM tem sido um dos principais motores de inovação e produtividade. Entre 2000 e 2023, países que escalaram a formação técnica também expandiram seus investimentos em P&D e aumentaram significativamente sua renda per capita.

De acordo com a OCDE, a média de graduados em STEM entre os países-membros é inferior a 25% dos formandos. Já em nações como a Alemanha e a Coreia do Sul, esse percentual supera 30%, refletindo a ênfase estratégica na educação técnica.

  • China: mais de 40% dos formados em 2020 eram de áreas STEM (CSET/Georgetown).
  • Índia: cerca de 32% dos graduados em áreas técnicas, com desafios na qualidade e absorção.
  • Alemanha: ~35% dos novos graduados em STEM (OCDE).
  • Coreia do Sul: ~31% dos graduados em STEM (OCDE).
  • Estados Unidos: ~20% dos formados em STEM (CSET, 2020).
  • Brasil: ~16% — um dos menores índices entre os países analisados.

Tabela comparativa (2023)

País

% Graduados em STEM

P&D (% do PIB)

PIB per capita (USD PPP)

China

40%

2,4%

23 300

Coreia do Sul

31%

4,9%

45 000

Alemanha

35%

3,1%

56 000

Estados Unidos

20%

3,4%

80 000

Japão

27%

3,3%

42 000

França

23%

2,3%

43 000

Reino Unido

24%

1,8%

47 000

Índia

32%

0,7%

9 000

Brasil

16%

1,3%

10 000

Fontes: OCDE, World Bank, UNESCO, CSET/Georgetown (2023).

2. Correlação e destaques emblemáticos


A relação entre formação técnica e desenvolvimento é estatisticamente positiva, mas não automática. Países que aumentaram o número de formados em STEM e sustentaram investimentos em P&D colhem retornos expressivos em inovação, produtividade e renda per capita.

  • China: expansão acelerada de formandos STEM e forte aumento em P&D desde 2000 impulsionaram a transição para cadeias de maior valor tecnológico (UNESCO Science Report 2021).
  • Coreia do Sul: quase 5% do PIB em P&D, alta densidade de pesquisadores e liderança em patentes per capita.
  • Alemanha e EUA: maturidade tecnológica com níveis estáveis de P&D e oferta contínua de talentos técnicos.
  • Brasil e Índia: avanços pontuais, mas limitações em qualidade formativa, intensidade de P&D e absorção industrial.

3. Fatores que determinam o sucesso dessa correlação


  • Qualidade da formação: infraestrutura, professores atualizados e integração com desafios reais da indústria.
  • Investimento contínuo em P&D: pesquisa aplicada e estável para converter conhecimento em inovação.
  • Absorção pelo mercado: empresas e setores capazes de empregar profissionais STEM em áreas estratégicas.
  • Instituições sólidas: marcos regulatórios e cultura de inovação.
  • Endowments e financiamento sustentável: garantem continuidade de projetos científicos e educacionais.

4. O papel do Amigos da Poli


Em meio a esse cenário, o Amigos da Poli tem atuado como uma alavanca estratégica para fortalecer a comunidade STEM no Brasil. Criado por ex-alunos da Escola Politécnica da USP, o fundo patrimonial investe na sustentabilidade da excelência técnica e acadêmica, fomentando a inovação e multiplicando oportunidades para novas gerações de engenheiros e cientistas.
Modelo institucional

O Amigos da Poli é um endowment (fundo patrimonial) que preserva seu capital principal e utiliza os rendimentos para financiar projetos de ensino, pesquisa, inovação e desenvolvimento estudantil. O modelo garante continuidade e independência financeira, promovendo impacto sustentável e alinhado às melhores práticas de governança no Brasil.

Contribuições concretas para a comunidade STEM:
  • Fomento à pesquisa aplicada e prototipagem: apoio a laboratórios, competições tecnológicas, iniciações científicas e projetos de extensão.
  • Empregabilidade e mentoria: o Centro de Carreiras e seus programas aproximam alunos de empresas e ex-alunos.
  • Empreendedorismo tecnológico: incentivo a soluções com impacto real.
  • Modelo inspirador: a governança transparente do fundo serve de benchmark para outras universidades interessadas em criar seus próprios endowments.

Ao fomentar a inovação dentro da Poli e inspirar outras instituições, o Amigos da Poli cumpre um papel que transcende os muros da universidade: multiplica o impacto do investimento em ciência e engenharia para toda a sociedade brasileira.

5. Conclusão


As evidências mostram que países que investem simultaneamente em formação técnica, pesquisa aplicada e instituições sólidas alcançam trajetórias mais sustentáveis de crescimento e inovação. A formação em STEM é peça-chave — mas seu impacto depende de ecossistemas que valorizem o conhecimento e o transformem em progresso.

No Brasil, o desafio é grande, mas há motivos para otimismo. O modelo do Amigos da Poli demonstra que é possível criar pontes entre educação técnica, inovação e impacto social duradouro. Com o fortalecimento de endowments e o engajamento de ex-alunos, empresas e sociedade civil, é possível pavimentar o caminho para um futuro em que a engenharia e a ciência estejam no centro do desenvolvimento nacional.

Se você acredita nesse propósito, participe dessa transformação. Cada contribuição, cada projeto apoiado, é um investimento direto no Brasil do futuro — mais inovador, produtivo e humano.


Referências


  • OECD — Education at a Glance 2023
  • CSET/Georgetown — The Global Distribution of STEM Graduates (2020)
  • UNESCO — Science Report 2021
  • NSF — Cross-National Comparisons of R&D Performance (2024)
  • World Bank — R&D Expenditure (% of GDP)
 
 
 

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